Falta de médico e medicamento e salário dos profissionais atrasado
Por Redação da Folha – Na madrugada desta terça-feira, 25, uma criança nascida de um parto prematuro no hospital de Itaporanga precisou ser levada com urgência à maternidade de Patos, mas o Samu local estava sem médico e a solução foi recorrer ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Piancó, que fez a remoção do bebê, mas, para isso, teve que deixar sua área descoberta.
O médico que atendeu a ocorrência é o dr. Iclenio Silveira. Em contato com a Folha nesta terça-feira, ele disse o caso dessa madrugada não foi um problema isolado e que constantemente o Samu de Piancó é obrigado a atender pacientes de Itaporanga por falta de médico no serviço itaporanguense, o que é preocupante e temerário, conforme o profissional. “Já ocorreu um caso da morte de um paciente de Piancó porque nossa Usa (Unidade de Suporte Avançado) estava removendo uma pessoa de Itaporanga, e, por conta disso, eu fiz uma queixa no CRM (Conselho Regional de Medicina) contra o Samu de Itaporanga”, narrou o médico.
Conforme ainda ele, a Usa de Itaporanga fica constantemente inativa por falta de médico e, quando funciona, é precariamente. Dr. Iclenio contou que, no último domingo, a viatura removeu uma pessoavítima de acidente, mas sem a menor condição de transportar um paciente em estado grave. “A Usa estava sem ar-condicionado, o que é prejudicial ao paciente, sem medicamento e nem algodão tinha, e precisou passar por Piancó para pegar esses materiais emprestados e seguir viagem”, contou.
Um outro grave problema do Samu de Itaporanga, que é gerido pela Prefeitura, é o atraso do pagamento dos profissionais. “O que meus colegas dizem é que já estão com três meses de salários atrasados, e alguns médicos devem deixar o serviço em Itaporanga por causa disso”, comentou dr. Iclenio, que atua há cinco anos no Samu e já coordenou o serviço em Piancó.
Para ele, o atraso de salário é o que motiva a falta de médico. “Médico tem disponível, mas o problema é que ninguém quer trabalhar sem receber: por isso, os médicos não querem trabalhar o Samu de Itaporanga e alguns dos que trabalham pretendem sair”, enfatizou, ao dizer que não entende porque isso vem ocorrendo, já que, conforme disse, o Ministério da Saúde está repassando o dinheiro normalmente ao município para o funcionamento regular do serviço.
Muito preocupado com a situação, principalmente porque, segundo ele, o mais prejudicado é povo, que necessita de um serviço de qualidade, o médico pretende levar o caso ao conhecimento do Ministério Público (MP) de Itaporanga. Foto: momento em que dr. Iclenio e sua equipe atendem criança prematura de Itaporanga.