Em noite de casa cheia a Câmara Municipal de Itaporanga aprovou por 6 a 4 a convocação da secretária municipal da Educação, Josilene Gonçalves, para dá esclarecimentos quanto às denúncias de conluio em processo licitatório e indícios de superfaturamento em compra de material escolar, levantada pelo vereador Ivanilto Palmeira (PTN) que fez, inclusive, uma grave acusação contra a Gestão Audiberg Alves e disse que estavam "roubando, saqueando os cofres públicos" quando, segundo ele, numa compra de de R$ 94 mil teriam sido "roubados" cerca de R$ 25 mil, numa única nota.
As denúncias são da mais alta gravidade e há três semanas que são trazidas ao meio-fio pelo parlamentar-mirim que desnuda uma administração incapacitada e despreparada, considerada desde que se instalou em Itaporanga entre as mais "corrupta" de toda a Paraíba. O prefeito, neste caso particular, chamado de "ladrão" em plenário, na sessão da semana passada, até que preparava-se para ir à câmara na sessão de ontem (27) para "peitar" e desmanchar as denúncias pessoalmente. Porém, recuou diante dos fortes indícios.
A população horrorizada com tantas denúncias de malversação com o dinheiro público tem acompanhado esse imbróglio com bastante atenção e já defende a possibilidade de afastamento do gestor, caso ele não dê esclarecimento convincente sobre as graves denúncias levantadas pelo vereador. Só que Audiberg diante dos fatos e da potencialidade das denúncias não teve coragem para encarar o povo e mais uma vez fugiu do debate. Inventou uma viagem e não foi à câmara, como havia prometido.
Ivanilto não se intimidou. Pelo contrário, além de estar preparadíssimo para o debate e reafirmar o que dissera semana passada, que estão"roubando e saqueando os cofres públicos", fez novas denúncias e complicou ainda mais a situação do prefeito. "Ele vem fazer o quê aqui? Estou preparado para lhe perguntar meio mundo de coisas nessa carta conluio, carta da imoralidade, chamada pelo tribunal de contas de 'a famigerada', 'a famigerada'... Ele vai chegar aqui e vai dizer: 'não, eu não sei de nada, foi a comissão de licitação...", declarou o vereador.
Mais adiante, ele endurece o tom e dispara: "A secretária ao invés de comprar mais barato em Itaporanga, vai à João Pessoa, de carro e motorista, além de hospedagem, pago pelo dinheiro público... quero ver ela fazer isso com o próprio dinheiro. Ninguém vai. Pois, roubar dinheiro púbico não dá trabalho, não. É fácil. Só convidar as empresas como ele [prefeito] convidou... Isso é uma vergonha". Ivanilto falou da tribuna, entretanto, encarando os vereadores Ubiramar Pita [líder da situação] e Hélio do Bar, que tentavam sem sucesso limpar a já enlameada imagem do gestor.
O líder da situação bem que tentou evitar a convocação da secretário, diante do requerimento apresentado pelo vereador Ricardo Pinto, dizendo que o prefeito tria dito à ele e Hélio que iria estar presente em breve na câmara para prestar os esclarecimentos. "Só estou colocando em pauta porque a própria secretária me disse no início da semana que o prefeito viria aqui dá esses esclarecimentos. E não aceito nenhuma emenda nele, se vocês quiserem votar como está é um problemas de vocês. Que o povo saberá avaliar na hora oportuna. Agora não podemos é permitir essa situação continuar como está", disse Ricardo Pinto.
E foi ainda mais contundente em suas declarações: "Ele [prefeito] não pode simplesmente chegar aqui e subir à tribuna, tem primeiro que essa Casa permitir. Tudo comunicado de maneira oficial. Ele disse aos senhores [Ubiramar e Hélio] que viria, porém, pra nós não vale nada porque ele deveria era ter ligado pra mesa diretora, pro presidente e dizer o que pretende fazer. Aqui não é a casa de 'mãe joana', não. Aqui é um poder independente e ele só faz alguma coisa aqui se nós vereadores permitir", pontou Ricardo.
Ubiramar disse que o prefeito estava recolhendo documentos para vir à câmara e teve que ouvir calado a repulsa da plateia, com essa informação, quando Ivanilto ofereceu o processo licitatório com notas ficais que estava em suas mãos. "Diga à ele [prefeito] que lhe emprestou esses documentos que recebi lá da prefeitura", disse Ivanilto. O vereador Hélio foi outro que tentou defender os malfeitos denunciados e teve como resposta a negatividade popular. "Nunca fui atrás de cargo na prefeitura pra tá aqui babando prefeito", disparou Ivanilto.
"Há três semanas estou fazendo essas denúncias e nenhum esclarecimento foi dado pelo prefeito. Eu nunca bati no peito pra dizer que sou campeão da ética, da moralidade, como falaram (em 2012) cobrando 'matadouro', 'aterro', 'eu sou melhor que o outro', 'no meu governo ninguém peca'.. Hoje, quem batia no peito, não anda na rua. Não olha na cara do povo, de tanta vergonha. Tem gente (vereador) que não aguenta que falem do prefeito que chega os ouvidos ficam piando. Só que ele (prefeito) vai chegar aqui e vai dizer o quê pra explicar essa carta conluio, carta da imoralidade, a famigerada. Ninguém vai me intimidar. estou esperando ele (prefeito) pra perguntar-lhe sobre essa imoralidade. Ele vai dizer: 'não, foi a comissão de licitação. Não vi nada, nãos sei de nada", concluiu Ivanilto.
Como o prefeito não compareceu à câmara, como prometido, a convocação da secretária de Educação foi aprovada por 6 a 4. Votaram à favor os vereadores Ricardo Pinto (PSDB), Izabelle Mendes (PSDB), Joaquim Salviano (PSDB), Neném de Adahilton (PSB), João Guimarães (PSC) e Ivanilto Palmeira (PTN). Votaram contra Ubiramar (PTB), Hélio do Bar (PTB), Nel de Duvan (PSDB) e Jailson de Zeca (PMDB). A secretária será aguardada na próxima sessão (3/4) para esclarecer uma série de denúncias. Porém, a situação está tão complicada que permanecendo a falta de esclarecimentos, a câmara poderá abrir um processo administrativo e analisar o afastamento de Audiberg Alves do cargo de prefeito.
E o próprio Audiberg Alves sabe que a câmara tem esse poder, pois já foi vereador. O melhor mesmo é ele esclarecer os fatos e punir os culpados. O resto é conversa pra boi dormir. O povo está cansado de tanta enrolação.