De volta para o passado

Para que serve um amigo?

Para que serve um amigo? Para pagar uma dívida, emprestar uma roupa, convidar para um almoço, dar carona até em casa, fazer um favor, bater um papo, ir até a casa do mesmo. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.

Milton Nascimento, artista de renome internacional, escreveu em uma das suas composições, "Amigo", que “amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, bem dentro do coração”. O bom amigo é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Nossos amigos são verdadeiras testemunhas do passado, eles são nosso espelho e através deles podemos nos olhar. Uma boa amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.

Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo contruído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.

Um amigo não paga apenas a dívida do outro: o bom amigo vive as lembranças, crises de choro, experiências. Divide a culpa, comunga os segredos.

Um amigo não empresta apenas uma roupa. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.

Um amigo não convida apenas para um almoço. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda a tudo.

Um amigo não dá carona apenas até em casa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.

Um amigo não faz apenas um favor. Ele passa contigo um aperto, passa junto uma vida.

Um amigo não serve apenas para bater um papo. Ele conversa em silêncio contigo na hora da dor, conversa alto na hora precisa, discute contigo no momento do fracasso.

Um amigo não é apenas para ir a tua casa. Ele vai a qualquer lugar e sempre segura a tua mão na hora certa, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura a alavanca do mundo que está querendo te propulsar.

Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém, porque amizade sincera nunca é esquecida, apenas cristalizada, para num momento qualquer, seja de novo reacendida e vivida plenamente.

Como é bom saber que mesmo através da distância do tempo podemos nos considerar pessoas sortudas e felizes já que reencontramos numa sucessão de dias, horas e momentos, amigos inesquecíveis assim como você, meu amigo Walter Inácio de Araújo e possamos afirmar com plena certeza de que guardaremos na nossa lembrança todo e qualquer acontecimento vivido dos tempos da Sorvedrink, época de preocupações de “grandes dilemas juvenis” como: “Será que hoje o Walter vai me vender uma “meiota” fiado” ou “nossa, será que Walter não vai me cobrar na frente dos meus irmãos”. Esses instantes deixaram de existir, mas as lembranças de boas amizades permanecem no íntimo de cada um de nós e meu AMIGO Walter sempre admirou cada um dos seus amigos.

Alguns amigos na nossa vida passam mesmo sendo insubstituíveis, mas esses amigos nunca nos deixam completamente sós, porque acabam deixando um pouco deles e levam um pouquinho de nós, e isso mostra que nada na vida é por acaso, não é destino, nem estava escrito é fato irrelevante, que temos sempre pessoas preciosas ao nosso redor durante a nossa existência.

Meu amigo inesquecível que tenhas lá no céu a mesma força que tiveste aqui na terra entre nós e aí a nossa amizade transcenderá o mundo e com certeza seremos os mesmos amigos, mesmo após a tua morte.

Saudade é o que sinto neste momento e quero que nossa amizade seja transformada em amor e paz, desejo também que Deus te abrace de forma especial, suavizando o teu julgamento e o levando para o coro dos anjos e arcanjos, porque sempre foste um iluminado em pensamentos e sentimentos.
Até breve Walter Inácio.

João Dehon Fonseca

Maria Alice e Walter Inácio e amigos  na Sorvedrink