Passado o tempo forte do Natal, ficamos a nos questionar sobre o relacionamento entre os homens uma vez que o Natal do Senhor tem a magia de nos tornar mais dóceis, mais amáveis, mais agraciados pelo Amor Maior. O simbolismo e a magia do amor nos comovem. Mas com o passar do tempo já pensamos em outras coisas, deixamos de sentir forte o sentimento de pertença e de amor que devemos e podemos sentir realmente pelo próximo.
Deus enviou seu Filho por amor ao gênero humano; criou o homem por amor do seu sopro, diz o Gênesis. Entregou-nos à natureza, que é a nossa casa mãe, o nosso entorno para que dela cuidarmos. Pensemos no que fazemos à mãe natureza e aos seus filhos, nossos irmãos?! O maior mandamento é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. Será que amamos a Deus sobre todas as coisas? E o que fazemos a nossos irmãos e ao nosso entorno? Violentamos com palavras, com ideias, com atitudes, com hábitos, com ações. Primeiro vem as nossas carências, as nossas limitações, as nossas preocupações com o amanhã (que é incerto), a doentia complacência de nós mesmos e depois o sentimento de culpa com o que fazemos ao outro, sem nos deter no hoje. Se amássemos Deus em primeiro lugar sentiríamos a confiança no seu amor infinito e misericordioso. É o próprio Cristo que nos adverte: “não nos preocupeis com o amanhã. Basta a cada dia o seu fardo”... E acrescenta: “por mais que pretendas não poderás acrescentar um só calado a tua estatura”.
Quanto a amarmos ao próximo como a nós mesmos, será que nos amamos? Deus mandou que nos amássemos e não que amassemos. Aceitamos o fluir das coisas no tempo ou nos angustiamos porque não é como queríamos que fosse e não podemos mudá-las?! Fazemos e temos tantas qualidades positivas e não nos lembramos, nem nos presenteamos por isso?! Se faço isso a mim mesmo como está a relação com o próximo mais próximo? Tentamos ser diferentes do que somos, exigimos demais de nós mesmos. Como conviver com essa inaceitação inoperosa e com o próximo? Pesa refletir sobre essas questões! O que estamos fazendo com o meio ambiente, conosco mesmos e com o próximo? Meditemos sobre o amor. No dizer de Exupèry “o deserto sempre esconde um poço em algum lugar”.
É saudável que nos amemos, que amemos o todo do qual fazemos parte. “Homem sozinho é uma ilha”. Entremos em sintonia conosco mesmos, com o entorno, com a natureza, com o próximo. Estaremos então em sintonia com Deus, o Pai, O Filho, o Espírito Santo que é luz e abre a nossa mente e o nosso coração para compreendermos melhor o Amor. Diz Henri Drumond que o que será cobrado de nós no juízo final é “como amei?” O que nos será pedido contas, uma vez que apenas somos administradores da vida, é a nossa maneira de amar. Se você se ama, não se agride, não se violenta, não se destrói, não se diminui, não se lamenta, não se recrimina, respeita o meio ambiente e o entorno. Se você ama o próximo não vai falar mal dele, julgá-lo, condená-lo; não se faz isso com quem se ama... Deixar de amar significa dizer que Deus jamais inspirou seus pensamentos, suas ações, a vida que nunca chegou perto Dele, que nunca foi tocado por Ele. Se você pensa por você mesmo é como se Jesus jamais tivesse nascido, como se Jesus jamais tivesse vivido, jamais tivesse pregado a boa nova, jamais tivesse morrido, jamais tivesse ressuscitado.
Não há necessidade de testemunhas entre nós e Deus, mas precisamos dar testemunho Dele. Seremos julgados pelos famintos, pobres, desnudos, desprotegidos, desabrigados, violentados, doentes, encarcerados. Do amor que podíamos ter dado, da mão que podíamos ter estendido, dos copos de água que poderiam ter sido dados e não o foram.
Li, não lembro onde, uma mensagem que diz mais ou menos o seguinte: “Cada pessoa que sofre tem direito a um pedaço da vida e do coração de alguém que falhou”. Que não sejamos nós esse alguém.
Somos todos responsáveis uns pelos outros. Diz um provérbio chinês: “cada um vorra a frente de sua casa e num instante a rua estará limpa”.
Meditemos. Guardemos e comuniquemos aos outros essa magia da Festa do Natal do Senhor para que o Ano Novo se revista de fecundas realizações.
Maria Correia Filha
Psicolága
Nenhum comentário:
Postar um comentário